“Então, você acha que outra ditadura seria impossível na Alemanha?”.
É através dessa pergunta que o professor Rainer Wenger
resolve aplicar o já conhecido projeto da escola, com duração de uma semana, de
uma forma diferente.
Seu tema era o governo autocrata (fascismo; nazismo), ou
seja, um tema saturado para os jovens alemães. Para eles, não era possível haver
outra ditadura na Alemanha. A semana começa e o professor dita seus ideais: Os
alunos tem que se dirigir a ele como “Senhor Wenger”; As certeiras passam a
ficar de frente para ele; Todo o aluno que tiver algo a dizer, tem que se
levantar e suas sentenças têm de ser curtas; Em certo momento ele faz os alunos
marcharem de forma sincrônica para que se sintam parte de um grupo, uma
entidade.
As atividades são apresentadas de forma tão fluida que,
como espectadores, aceitamos os fatos como algo bom, como se nada daquilo
pudesse se transformar em algo maléfico para os personagens e realmente
acreditamos nisso, tanto que quando sinas de exclusão a aqueles que não eram
adeptos a ideologia proposta pelo professor, obsessões para com o projeto, ou
até mesmo o fascínio para o mesmo não nos incomoda no começo, pelo contrário,
estranhamos atitudes como não querer usar a blusa branca e calça jeans, o
uniforme adotado para o projeto que passa a ser denominado como “A Onda”
através de uma votação feita pelos alunos.
O projeto começa a unir os integrantes e classificações
como “Popular” ou “Nerd” não se encaixam mais no contexto, todos passam a ser
como um só, claro, dentro d’A Onda.
Além do uniforme e nome, os alunos criam um logo, ou
símbolo, um website, uma conta no My Space, e até mesmo uma saudação, que
basicamente é um movimento feito com o braço direito que faz lembrar uma onda.
Analisando os acontecimentos do filme no olhar da Teoria
Hipodérmica, por exemplo, podemos dizer que Rainer, o professor, produz um
estimulo para a massa, que no caso são os alunos e a resposta deles é feita de
forma geral, ou seja, o individuo individual não teve chance de se manifestar
em meio ao que estava acontecendo. Isso pode se reafirmar no caso do personagem
Maximilian Mauff, que decide não participar do projeto na primeira aula, mas ao
decorrer da semana ele se encontra novamente inserido no mesmo, por influencia
de seus amigos que estão gostando do andamento. Mas uma vez, isso acontece de
forma sutil.
Inseridos em um sistema social, podemos dizer que os
adeptos a ideologia apresentada podem ser analisados pela Teoria Funcionalista
que afirma que “O equilíbrio do edifício social depende das relações funcionais
que indivíduos e subsistemas ativam no seu conjunto”. Ou seja, o equilíbrio só
é alcançado pelas relações dos indivíduos dentro de um contexto, que no caso
analisado, é uma ditadura. Os indivíduos se colocam como massa e passam a
obedecer, sem questionar, seu líder.
De uma história real do ano de 1967, o filme é adaptado
de forma impecável para atualizada (2008) e transferido para o ambiente alemão
(originalmente acontecido nos Estados Unidos), que carrega um histórico
fortíssimo de um modelo fascista vigente.
O longa conta com uma fotografia impecável, com falas
tocantes e significativas e com cores muito bem trabalhadas para lembrar um
ambiente mais jovial. Vale a pena destacar o uso do vermelho protestante usado
pela personagem Karo que ao perceber o alto teor de manipulação do projeto se
recusa a continuar participando do mesmo.
O ponto principal do filme é o comportamento do aluno
Tim, do qual é excluído da classe e luta para se inserir em algum grupo social,
qualquer que seja o grupo. Ele vê no projeto o significado de sua vida, pois
ele da exatamente aquilo que ele tanto desejava. O que faz ser um ponto tocante
na história.
O filme tem um desfecho emocionante, mesmo podendo ser
previsível a certo ponto.
Mesmo o professor se envolvendo no projeto juntamente com
os alunos, ele acaba percebendo a gravidade da situação quando ela já está
saindo do controle e resolve então mostrar aos alunos que aquilo não pode
continuar.
Ao mostrar isso a eles, de forma magistral, devo dizer,
os alunos se encontram em um despertar de um efeito hipnótico, só então, mesmo
depois de todo o ocorrido, eles percebem que fizeram parte daquilo que
acreditavam não ser mais possível haver.
Drama/Direção: Dennis Gansel/ 2008/ Alemanha.
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