17.12.14

O Show de Truman por Peter Weir

Truman é o protagonista de sua vida, assim como nós somos das nossas. Porém, ele não sabe que ela é na verdade um show de televisão.

 Desde seu nascimento, sua vida é transmitida em tempo real, sem intervalos comercias. Seu publico tornou-se assíduo, se afeiçoando a ele, torcendo por ele, chorando com ele, se alegrando com ele.

Então temos um reality show sobre uma pessoa comum, onde podemos acompanhar a vida dela vinte e quatro horas por dia, realizando coisas cotidianas, tomando decisões que temos que tomar todos os dias e etc. Para que a vida de Truman fosse a mais realista possível, foi construído um grande estúdio, que no filme diz ser tão grande quanto à muralha da china, que pode ser vista do espaço.

Como o programa, mesmo sendo real para ele, é fruto de um roteiro bem trabalhado, com base em uma vida perfeita, estereótipos são vistos a todo o momento, desde um casamento perfeito, até um cumprimentar com o vizinho.

Começamos a acompanhar o reality no dia 1909 com Truman falando com o espelho. Logo então vemos o padrão: Truman sai e deseja um bom dia aos vizinhos, juntamente com a frase “ah e se não nos virmos mais, boa tarde e boa noite”, o que se torna um bordão. Uma falha no roteiro acontece quando uma das câmeras cai, porém o dia segue normalmente. Ele compra seu jornal, a revista que segundo ele é para sua mulher e continua seu caminho dando bom dia a todos chegando até os gêmeos que o empurra para perto de uma publicidade exposta perto do metro. Então podemos entrar em uma questão: Como um programa sobrevive sem publicidade? Ou um jornal, uma revista consegue viver sem ela? Qualquer produto midiático não consegue sozinho se manter somente com a audiência. O show de Truman lucrava com merchandising durante a programação, já que não tinha acontecido nenhuma interrupção até o momento.

Desde pequeno Truman foi incentivado, por que não dizer motivado, psicologicamente a não querer sair desse mundo, pois tinha traumas de infância adquirida através da morte fictícia de seu pai no mar. O tempo todo o diretor o incentiva a permanecer na cidade fornecendo informações sobre catástrofes, com aviões, carros e etc.

Claro que, como na vida real, as coisas começam a dar errado, mostrando que nem mesmo o roteiro pode com as surpresas da vida, começando em poucos momentos em sua adolescência e se desenrolando em sua maturidade.

Ele então começa a perceber que algo estranho o cerca. Perceber que as pessoas agem de modo repetitivo, que nem mesmo nas pessoas mais próximas ele pode confiar.

O Show de Truman é uma critica ao mundo de aparência onde vivemos, onde somos cercados por câmeras, onde podemos considerar como câmeras os olhos de cada um da sociedade, que estão prontos para nos julgar, para nos rotular, para nos inserir em algum grupo social, não através de nossas atitudes, mas sim de nossa aparência e daquilo que possuímos.

Todos somos Truman, vivendo em um mundo onde temos de seguir um roteiro pré-estabelecido sem muitas opções para fugir dele. Todos um dia têm que se encaixar em algum lugar na sociedade, contribuir para ela, para que no fim do mês seja recompensado por isso.

Truman conseguiu sair de sua vida fictícia com direito a comemoração dos telespectadores pelo o sonho finalmente realizado e uma fala final, porém ele terá de enfrentar muitos roteiros lá fora, por que não a como fugir disso.

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